Diovana M. Santos
Universidade Federal de Lavras- 3rlab
Atualmente, a criação de aves poedeiras de forma comercial é feita quase que exclusivamente em gaiolas, havendo a necessidade da debicagem devido à pressão social a que as aves estão submetidas. A ocorrência de bicagem de penas e de canibalismo é influenciada por fatores hormonais. A perda de penas resultante da agressão de outra ave pode causar tanto problemas econômicos ao produtor como problemas de bem estar às aves. A perda econômica dá-se pelo fato de que a retirada de penas leva a problemas de mantença da temperatura corporal, levando a um aumento no consumo alimentar. Outra perda econômica resultante do canibalismo se refere ao aumento na incidência de ovos bicados.
A debicagem é uma prática de manejo recomendada para criações de aves poedeiras -galinhas e codornas- (figura 1) alojadas em elevada densidade de criação, pois ocorre para maior uniformidade do lote. É o principal método utilizado para impedir a bicagem de penas e o canibalismo na indústria avícola. É um processo cirúrgico de corte e cauterização do bico das aves e constitui umas das práticas de manejo mais importantes dentro da criação, visto que erros neste processo afetam o desenvolvimento da ave e consequentemente sua produtividade, interferindo negativamente em sua viabilidade econômica.
Figura 1- Debicagem em codornas (1- codorna não debicada; 2- codorna debicada severamente; 3- codorna com debicagem leve).
O método convencional de debicagem com utilização de lâmina quente (LQ) é o mais utilizado pela maioria das granjas, Nos últimos anos, alguns métodos alternativos vêm sendo testados, dando destaque para o tratamento de bico realizado por meio de radiação infravermelha (RI) no primeiro dia de vida da ave, no incubatório. Esta metodologia consiste na exposição do bico de pintainhas à luz infravermelha que é utilizada para tratar o tecido córneo da ponta do bico (figura 2). Desta forma, há queda gradual do bico, proporcionando tempo para o animal adaptar-se à alteração de tamanho e forma do mesmo, o que não é observado ao se debicar uma ave por meio do método de LQ.
Figura 2- Esquema de debicagem pelo método RI.
A debicagem pode ser dividida em leve, média e severa, assim tendo sua influência diferente nas aves de acordo com sua classificação. O comportamento das aves muda durante há primeira semana após a debicagem devido à dor severa que a pratica proporciona, porém em um máximo de cinco semanas o ritmo apresenta uma volta ao normal.
Manejos de pré e pós debicagem: Fornecer vitamina K na ração, três dias antes e três dias depois para evitar problemas possíveis com hemorragia; manter comedouros cheios nos primeiros dias para evitar o contato com o fundo do mesmo; estimular o consumo de água e alimentos (mexer a ração com frequência) e evitar estresse das aves durante uma semana antes e uma semana depois para não haver abertura e hemorragia.
Quando debicar?
É recomendável debicar a ave no primeiro dia de idade ou dentro dos 10 primeiros dias de vida. Esta debicagem normalmente é adequada para prevenir o canibalismo no período de 8 a 10 semanas de criação. O segundo passo é debicar moderadamente as aves na transferência para o galpão de postura. Esta debicagem é feita somente para “retocar” algumas fêmeas preparando-as para o período de postura.
Quando as aves crescem totalmente confinadas, proceder como na primeira fase da alternativa anterior e em seguida, debicar a segunda vez de 8 a 10 semanas de idade.
Realizar uma debicagem severa no primeiro dia ou na primeira semana de vida e não debicar a ave novamente. Este método não é recomendado, pois causa um estresse severo na ave e prejudica o seu desempenho.