GABRIEL CASTILLO
Universidade Federal de Lavras | 3rlab
A cultura do tomate apresenta um amplo histórico de problemas fitossanitários que ocasionam significativas perdas na produção. Dessa forma, o tomateiro demanda uma grande quantidade de insumos durante todo o seu ciclo.
Dentre as principais doenças que atacam a cultura se encontra a pinta preta (Alternaria solani). Essa é uma doença fúngica bastante comum nas regiões produtoras de tomate, com maiores incidências durante os verões chuvosos, o que propicia um ambiente ideal com alta temperatura (24 a 34 °C) e alta umidade relativa. Sabe-se que em regiões como o Centro Oeste e o Sul de Minas Gerais as perdas podem chegar a 70% caso o controle não seja eficiente.
O patógeno ataca toda a parte aérea da planta a partir das folhas mais velhas e próximas ao solo. Nestas os sintomas iniciais se caracterizam por pequenas manchas, geralmente de 1 a 2 mm, de coloração escura (figura 1). Com o passar do tempo estas manchas crescem e adquirem um formato ovóide com a mesma coloração escura e com regiões concêntricas, sendo delimitado pelas nervuras da folha. A região lesionada e ao seu redor apresenta-se geralmente clorótico. Nos pecíolos e caules (figura 2) os sintomas são bem semelhantes ao da folha. Sabe-se que o maior número de lesões pode estar relacionado à deficiência nutricional, principalmente de magnésio.
Figura 1- Folhas do tomateiro com sintomas da pinta preta.
Figura 2- Caule do tomateiro com sintomas da pinta preta.
O patógeno pode sobreviver em restos culturais, na semente e também em culturas voluntárias, tais como batata e berinjela. Como foi citado acima o conídeo germina em condições de temperatura média a alta e alta umidade relativa. A infecção pode ocorrer diretamente pela epiderme da planta ou por meio de ferimentos. Os sintomas se tornam visíveis após os 6-7 dias.
Com relação ao uso de cultivares resistentes, no Brasil não está disponível cultivares com resistência total a pinta preta. Entretanto, níveis aparentes de resistência podem ser relacionados com a idade das plantas. Os tomateiros imaturos são relativamente resistentes a pinta preta, mas após a formação de frutos a suscetibilidade aumenta. Dessa forma, pode-se concluir que as plantas maduras são bastante suscetíveis.
Para um bom manejo da doença, com um controle eficiente é necessário tomar diversas medidas. Essas que devem ser tomadas desde a escolha da época de plantio, cultivar a ser plantado e condições ambientais da área a ser implantada a cultura. Dessa maneira, recomendam-se as seguintes medidas:
- Plantar sementes sadias isenta de patógenos;
- Evitar o plantio em áreas sujeitas a um longo período de alta umidade, tais como regiões de baixadas;
- Eliminar os restos culturais após a colheita;
- Realizar um bom programa nutricional;
- Adotar um sistema de rotação de culturas com espécies não hospedeiras ao fungo;
- Controle químico.
Para o controle químico da pinta preta existem fungicidas protetores e curativos registrados no Ministério da Agricultura. Cabe ressaltar que os fungicidas de menor custo, tais como mancozeb e clorotalonil representam boa parte dos programas de manejo da doença. Entretanto, apesar do menor custo desses grupos de produtos necessita de aplicações mais frequentes e com maior dosagem. Dessa forma, recomenda-se realizar a pulverização em intervalos de 10 dias para melhor proteção das brotações.
O uso de produtos, que possuem como princípios ativos o famaxodone e mancoxeb tem mostrado bons resultados e possibilitando a elaboração de um melhor programa de controle da doença.
Dessa forma, é de extrema importância estabelecer um programa nutricional adequado bem como um controle fitossanitário eficiente para um melhor manejo da pinta preta no tomateiro. Sendo assim, o agricultor deve estar sempre atento e acompanhado de um bom profissional.