DIOVANA M. SANTOS
Universidade Federal de Lavras | 3rlab
Com o desenvolvimento da indústria, iniciou-se o uso em larga escala de antibióticos como promotores de crescimento na produção de frangos de corte, melhorando o desempenho animal e diminuindo a mortalidade causada por infecções clínicas e subclínicas, estas melhorias são observadas devido ao controle de microrganismos não identificados e moderadamente patogênicos que residem no trato gastrointestinal. Após anos de uso de antibióticos como promotores de crescimento na alimentação de aves, alguns questionamentos foram levantados, tais como o fato de resíduos desses antibióticos permanecerem na carne e, assim, serem transmitidos ao consumidor final, propiciando o aparecimento de resistência de bactérias intestinais aos promotores de crescimento (gráfico 1).
Gráfico 1- Resistência de bactérias isoladas de cama de frango aos antibióticos: amp- ampicilina; erit- eritromicina; tetra- tetraciclina; clo- cloranfenicol; kamkamicina; estrep- estreptomicina; tobra-tobramicina; rinf- rifampicina.
Recentemente, têm sido desenvolvidas diversas alternativas aos antibióticos promotores de crescimento, entre elas estão os aditivos fitogênicos, extratos herbais e vegetais. Os aditivos fitogênicos de uso animal podem ser classificados como ervas (a planta toda ou suas partes) e botânicos (extratos e óleos essenciais) e, quando adicionados em rações, podem proporcionar melhor consumo de ração, aumento das secreções digestivas, atividades antioxidantes e a eubiose (condição de equilíbrio da flora saudável) do trato gastrintestinal dos animais.
Diversos tipos de óleos essenciais são adicionados em rações de frangos, como por exemplo, os óleos de orégano, canela, tomilho, pimenta dentre outras espécies vegetais. O óleo de orégano possui como principal princípio ativo o composto fenólico carvacrol, enquanto o tomilho e a canela possuem o timol e cinamaldeído, respectivamente, como principais princípios ativos. Os princípios ativos presentes nos diversos extratos e/ou óleos de plantas são responsáveis por estimular o desenvolvimento de enzimas digestivas, além de apresentarem ação contra bactérias e fungos.
A adição de alho em rações de aves também tem despertado interesse dos nutricionistas como importante aditivo fitogênico. Conhecido desde a antiguidade como condimento, o alho tem sido difundido também como bactericida, antioxidante e como redutor de colesterol sanguíneo. O alho possui dois princípios ativos: a alicina e garlicina, ambos com ação predominantemente bacteriostática que atuam tanto contra bactérias gram-positivas como gram-negativas. Em experimento realizado nos Estados Unidos, o uso de 3% de alho em pó não resultou em aumento no ganho de peso e na conversão alimentar, mas mostrou-se eficiente em diminuir os níveis séricos de colesterol em frangos.
Em outro experimento, foram adicionados três tipos de óleos essenciais derivados do orégano, cravo e erva doce em rações de frangos e verificaram que a ração adicionada de 200 ppm da mistura do óleo essencial proporcionou melhor ganho de peso (g/dia) e conversão alimentar, quando comparado com a ração com 400ppm de óleo essencial e com avilamicina, aos 35 dias de idade. Óleos essenciais à base de orégano, cravo e canela, apesar do efeito antioxidante não devem ser adicionados em grandes quantidades, pois podem interferir na palatabilidade dos alimentos. Ao adicionar óleos extraídos do tomilho e canela em rações de frangos, observou melhores valores de ganho de peso e de conversão alimentar, efeitos atribuídos aos princípios ativos timol e cinamaldeído encontrados, respectivamente, no tomilho e na canela que são responsáveis por melhorar a eficiência de utilização dos alimentos com consequente melhora nos resultados de desempenho.
A digestibilidade dos nutrientes pode ser melhorada com a adição de óleos essenciais e extratos vegetais nas dietas de monogástricos, pois esses compostos podem aumentar a atividade de enzimas digestivas. Quando adicionado o óleo essencial, composto por timol, em rações de frangos foi verificada a redução de Escherichia coli, de modo similar ao observado pelo tratamento adicionado de antibiótico.
E também a adição de óleos essenciais pode melhorar a saúde intestinal dos frangos prevenindo a ocorrência de enterite necrótica, causada principalmente pelo Clostridium perfringens (tabela 1). Em uma pesquisa onde foram adicionados à ração diferentes óleos essenciais, compostos por timol, eugenol, carvacrol, cucurmina e piperina, em rações de frangos alojados em granjas comerciais foi verificada efetiva redução no número de unidades formadoras de colônias de Clostridium perfringens quando os frangos foram alimentados com ração contendo óleos essenciais.
Tabela 1- Número de unidades formadoras de colônias de Clostridium perfringens (Log/g) de frangos aos 14 dias de idade alimentados com rações com óleos essenciais (* óleo essencial a base de eugenol, timol, piperina e curcumina; ** óleo essencial a base de carvacrol, eugenol, timol, piperina e curcumina).
Em muitos casos o desempenho dos frangos alimentados com aditivos fitogênicos não é superior ao daqueles alimentados com antimicrobianos, embora, muitas vezes, as respostas sejam similares com o conveniente de não representar risco para aumento da resistência bacteriana, oferecendo produtos com maior segurança alimentar para os consumidores.