LUCAS MACHADO
Universidade Federal de Lavras | 3rlab
O milho é um dos cereais de maior expressão na agricultura brasileira, cultivado em duas safras, normal (safra de verão, safra das águas) e safrinha. Pertencente à família das Poáceas, o milho é uma cultura de alto potencial produtivo devido as suas características fisiológicas, tendo sido obtidas produtividades acima de 16 toneladas/ha. Entretanto, a média da produtividade nacional é bem baixa, em torno de 4 toneladas/ha, o que evidencia a existência de diferentes tipos de manejo dessa cultura no Brasil.
Pequenas produtividades na cultura do milho, estão na maioria das vezes ligadas à baixa fertilidade do solo e/ou ao manejo incorreto da adubação da lavoura. A exigência nutricional da cultura pode ser determinada de acordo com a taxa de extração dos nutrientes do solo pela plantas (tabela 1).
Tabela 1 Tabela de extração de nutrientes para cultura do milho. Fonte: Coelho e Franca (1995).
No caso do nutriente nitrogênio, a recomendação para adubação varia de acordo com o sistema de produção adotado, época de plantio, modo de aplicação, fonte do nutriente, entre outros. Na adubação nitrogenada, dois pontos muito importantes são: a época da aplicação e a necessidade de parcelamento. A absorção do nitrogênio é alta no período que vai dos 40 dias após ter sido plantado (estádio V6) até o florescimento, período em que a planta absorve 70% da sua necessidade.
A aplicação do nitrogênio pode ser realizada antes do plantio, durante o plantio e após o plantio. A escolha da melhor época deverá ser feita a partir de observações como: textura do solo, fonte do nitrogênio, quantidade a ser aplicada, época do plantio, etc.
Adubação antes do plantio
Essa forma de manejo teve início com a adoção do sistema de plantio direto e o plantio de milho posterior a outras gramíneas, como: aveia, milheto, sorgo e braquiária. Dessa forma, pesquisadores observaram uma imobilização do nitrogênio, causado pela decomposição da palhada das gramíneas com alta relação C:N o que causa um amarelecimento das plantas de milho, redução do crescimento e queda na produtividade.
A aplicação antes do plantio proporciona vantagens, como, por exemplo, maior rendimento e flexibilidade na operação de distribuição do nutriente, entretanto, a aplicação de uma pequena dose durante o plantio e o restante em cobertura, ainda apresenta uma melhor eficiência agronômica. É preciso realizar uma avaliação das condições do solo, clima e manejo, para recomendar a melhor forma de aplicação.
Adubação durante o plantio
A adubação nitrogenada simultânea ao plantio ocorre em pequenas doses de adubo. A justificativa para isso se dá pelos seguintes fatores: evitar o excesso de sais no sulco de plantio, evitar perdas por lixiviação e a baixa demanda inicial desse nutriente pelo milho. Apesar do milho não exigir muito nitrogênio nas fases iniciais, esse elemento estando presente na zona radicular, promove um crescimento inicial das plantas mais rápido e aumento da produtividade.
Adubação de cobertura
A aplicação em cobertura pode ocorrer em diferentes estádios fenológicos da cultura (figura 1). Essa é a forma de adubação que tem apresentado maior eficiência agronômica, podendo ser recomendada para várias situações, independente de solo, clima, etc. A adubação em cobertura pode ser parcelada, o que proporciona uma melhor distribuição do adubo nas fases em que a cultura mais necessita desse nutriente para o seu bom desenvolvimento. É importante estar atento as exigências da planta com relação ao nitrogênio. A planta apresenta uma necessidade relativa desse nutriente no período entre a emissão da 4ª e da 8ª folha e necessidade absoluta do nitrogênio entre a emissão da 8ª e da 12ª folha.
Figura 1 Adubação de cobertura no milho. Fonte: Rehagro.
O nitrogênio na fase inicial do milho (estádio de 5 a 6 folhas) proporciona um maior índice de área foliar e maior número de grãos por espiga. A utilização de 30 a 40 kg/ha na semeadura, permite que a adubação de cobertura seja realizada até o estádio de 7 a 8 folhas, sem prejudicar o desenvolvimento da planta, e até a 10ª folha se a lavoura for irrigada. Se não ocorrer adubação durante o plantio, a adubação de cobertura deve ser antecipada, sendo realizada até o estádio de 4 a 5 folhas, para que a produtividade não seja muito afetada. Em lavouras cultivadas sob sistema de irrigação, os melhores resultados são com o parcelamento da adubação nitrogenada em três ou quatro vezes, através da fertirrigação.
O nitrogênio é um nutriente muito dinâmico no solo, assim, ele deve ser manejado de acordo com inúmeros fatores já mencionados, como: clima, solo, época de semeadura, se utiliza de irrigação ou não, sistema de manejo, etc. Por isso, é muito importante avaliar o sistema como um todo, para que seja feita a melhor recomendação possível, sem seguir uma “receita” pronta.