Diovana M. Santos
Universidade Federal de Lavras-3rlab
Há muito tempo, as rações para aves eram ajustadas apenas para atender os níveis de proteína bruta, depois começou-se a utilizar os níveis de aminoácidos totais para atender as necessidades proteicas dos animais. No entanto, o ajuste a partir de aminoácidos totais não é tão eficiente quanto a formulação segundo os aminoácidos digestíveis, já que cada alimento tem um valor próprio. Quando se adota os valores de aminoácidos totais, pode-se estar fornecendo aminoácidos acima das exigências das aves, que acaba gerando impactos ambientais pela maior excreção de nitrogênio e ainda onera o custo final da ração e prejudica o desempenho dos animais.
A proteína ideal é definida como o balanço exato de aminoácidos essenciais e o suprimento de aminoácidos não-essenciais, capaz de atender sem excessos nem deficiências as necessidades absolutas de todos os aminoácidos necessários para a manutenção animal e máxima deposição proteica, expressando-os como porcentagem da lisina. A adoção desse conceito pode levar a obtenção de uma ração mais econômica e com melhor aproveitamento dos aminoácidos, reduzindo o impacto ao meio ambiente, devido a redução do nitrogênio excretado.
Quando há excesso de aminoácidos circulantes, há um maior gasto de energia para excretá-los, além de promover um incremento calórico desnecessário, comprometendo o desempenho dos animais principalmente em condições de alta temperatura ambiental, e também sabe-se que a proteína bruta é o nutriente com maior incremento calórico durante a digestão.
As aves podem sintetizar proteínas que contém 20 L-aminoácidos e utilizam aminoácidos livres para realizar uma grande variedade de funções. Porém, são incapazes de sintetizar nove desses aminoácidos. Os aminoácidos essenciais são: arginina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina, triptofano e valina. Histidina, glicina e prolina podem ser sintetizadas pela ave, mas a uma taxa insuficiente para atender às necessidades metabólicas que algumas situações demandam, além de serem considerados essenciais para aves em crescimento. Os aminoácidos tirosina e cisteína podem ser sintetizados quando os seus precursores, fenilalanina e metionina, respectivamente, estão em níveis adequados (tabela 1).
Tabela 1- Necessidade de aminoácidos estimados para frangos que recebem rações à base de milho e farelo de soja.
A adição de aminoácidos sintéticos e seus análogos na dieta também possibilita a menor inclusão de ingredientes ricos em proteína (farelo de soja) e ricos em energia (óleos e gorduras), substituindo-as por fontes de carboidratos como milho e sorgo, resultando em redução dos custos das dietas.
Para frangos de corte (tabela 2), a redução dos níveis de PB da ração influencia os pesos absolutos da carcaça e do peito (maiores no nível de 19,6% de PB em relação ao de 21,6%). Então o nível de PB da ração formulada, quando se utilizada o conceito de proteína ideal pode ser reduzido de 21,6 até 17,6%, na dieta de frangos de corte submetidos a estresse por calor.
Tabela 2- Efeito dos níveis de GLN+GLU sobre o Ganho de peso, Rendimento de peito e uniformidade (frangos de corte de 1-44 dias).
Para poedeiras, os parâmetros de qualidade de ovos não são afetados pela redução proteica, e ainda é possível conseguir o mesmo desempenho e produtividade dos animais com redução de custos das dietas, diminuindo a proteína dietética e suplementando com aminoácidos sintéticos.
Portanto, o conceito de proteína ideal é uma ferramenta que permite atender a exigência nutricional do animal mesmo em situações adversas e ainda contribui consideravelmente para o ganho final do produtor e gera produtos de qualidade