Gabriel Castillo
Universidade Federal de Lavras-3rlab
Uma das doenças mais importantes da parte aérea do feijoeiro é a mancha angular. Esta que ataca principalmente na safra da “seca”, uma vez que esta é favorecida por temperaturas amenas e ocorrência de orvalho. Sabe-se que essa doença é causada pelo fungo Phaeoisariopsis griseola e nos últimos anos vem ocorrendo surtos cada vez mais precoces e intensos desta. As perdas causadas pela mancha angular podem chegar até 80 % dependendo da suscetibilidade dos cultivares, da patogenicidade das raças predominantes do fungo e se as condições ambientais forem favoráveis.
Além disso, alguns fatores como: ampliação do período de plantio, presença do hospedeiro e de restos culturais durante a maior parte do ano, introdução da irrigação e o uso de sementes contaminadas tornam o ambiente favorável ao desenvolvimento do fungo.
Como já foi dito acima, as condições favoráveis a doença são encontradas na safra da “seca”, com temperaturas de 16ºC e 26ºC e ambiente seco-úmido intermitente. A presença de conídios do fungo Phaeoisariopsis griseola sobre a superfície das folhas diante de condições de alta umidade penetram na planta por meio dos estômatos e crescem entre as células. As células atacadas pelo fungo se desintegram e causa desorganização do citoplasma, dessa maneira as células são destruídas pela proliferação do fungo. Dessa maneira, o patógeno coloniza os tecidos, causando lesões necróticas e posterior esporulação. O fungo pode sobreviver em restos culturais na superfície do solo por até 19 meses, podendo viver também em sementes infectadas. Os principais meios de disseminação da doença são: chuvas, vento, sementes e partículas do solo infectadas.
Sintomas
Os sintomas típicos da doença são encontrados nas folhas que apresentam lesões com formato geométrico, em forma de ângulos (figura 1), isso se deve ao espaço limitado ao crescimento do fungo no interior dos tecidos pelas nervuras das folhas. Entretanto, em casos mais severos, podem-se encontrar lesões emendadas umas às outras o que leva a uma perda da área fotossintetizante, posteriormente a folha apresenta coloração amarela e cai prematuramente. O desfolhamento prematuro prejudica o enchimento das vagens, reduzindo o tamanho dos grãos e consequentemente a produção.
Figura 1- Sintomas da mancha angular em folha do feijoeiro.
Além da folha, os sintomas podem ser encontrados nos caules, ramos, pecíolos e vagens. De inicio, as lesões nas vagens são superficiais, apresentando coloração castanho-amareladas com bordas escuras e tamanho variável (figura 2). Essas quando numerosas podem se aderir umas às outras e cobrir toda a largura da vagem. As vagens infectadas podem produzir sementes mal desenvolvidas a totalmente enrugadas. E quanto às lesões nos caules, ramos e pecíolos são alongadas e de coloração castanho-escura.
Figura 2- Lesões causadas por mancha angular nas vagens do feijoeiro.
Controle
Para melhor controle da doença é recomendado o uso de uma série de práticas culturais. Sendo principalmente o uso de sementes sadias e tratadas com fungicidas, adoção do sistema de rotação de culturas e utilização de cultivares resistentes. Entretanto, a obtenção de cultivares resistentes é difícil uma vez que o patógeno apresenta uma enorme variabilidade de raças. Alguns cultivares resistentes são: CNFP 10125, CNFP 10120, Pérola, BRS Valente, CNFC 10281, CNFP 10138, BRS Requinte, BRS Pontal, BRS Grafite, MAR 2, Cornell 49 -242 e AND 277.
Além disso, o controle químico é de extrema importância em condições de ataque severo ou até mesmo no início dos primeiros sintomas principalmente nas regiões que favorecem o patógeno para que se possa evitar o aumento da população do fungo e consequentemente as perdas na produção. Alguns fungicidas que podem ser utilizados são: Azoxystrobin, Chlorothalonil, Fentin hidroxide, Mancozeb, Oxicloreto de cobre, Oxicloreto de cobre + Manconzeb, Maneb, Piraclostrobin, Tiofanato metílico, Tiofanato metílico + Chlorothalonil, Tiofanato metílico + Mancozeb, Trifloxystrobin + Propiconazole e entre outros.
Cabe ressaltar que a tomada de decisão sobre quais produtos a serem utilizados no controle da mancha angular cabe a um profissional. Recomenda-se a rotação de princípios ativos a serem utilizados, evitando assim uma possível indução de resistência do patógeno.