Gabriel Castillo
Universidade Federal de Lavras-3rlab
Sabe-se que o fungo Rhizoctonia solani é amplamente conhecido entre os agricultores de todo o planeta, uma vez que pode causar doenças em diversas culturas. O patógeno é encontrado em maior parte nas plantações de soja, algodão, batata e beterraba. Na cultura da soja o fungo é causador da “mela da soja”, essa que ocorre principalmente nos estados do Mato Grosso, Maranhão, Tocantins e Roraima e pode causar perdas de até 60% na produtividade em situações de condição extremamente favorável. Entretanto, as médias de prejuízos na produtividade são em torno de 30%.
A doença é favorecida por condições de temperatura entre 25 e 30ºC e umidade relativa do ar acima de 80%. Dessa maneira, condição de clima chuvoso, freqüência e distribuição das chuvas durante o ciclo da cultura são fatores determinantes para o desenvolvimento da doença.
Somado a isso, outro fator que necessita de bastante atenção por parte dos produtores é a disseminação da doença. Isso se deve a alta capacidade do fungo sobreviver por longos períodos em restos de culturas, no solo e até mesmos nas sementes e se transportar por meio da chuva. Uma vez que o fungo pode habitar os solos, os respingos da chuva é o principal responsável pela disseminação do inóculo para as plantas em áreas novas, nas quais ainda não há formação adequada de palhada. Assim, pode-se observar uma relação entre palhada e intensidade da doença, quanto melhor a palhada menor a intensidade da doença, uma vez que a palhada atua como barreira física reduzindo o impacto das gotas da chuva.
Sintomas
Toda a parte aérea da planta é afetada, especialmente nas folhas do terço inferior e médio. Nestas, há o surgimento de lesões encharcadas que podem ser pequenas manchas ou tomar todo o limbo foliar (figura 1), de coloração parda avermelhada a roxa evoluindo rapidamente para marrom escura a preta (necrose). As áreas necrosadas parecem estar meladas em algum tipo de liquido, daí o nome popular da doença: mela. As folhas infectadas normalmente ficam aderidas a outras folhas ou hastes por meio do micélio do fungo que rapidamente se dissemina para tecidos sadios. Posteriormente, o tecido infectado pelo fungo pode secar e causar a queda das folhas e pecíolos necrosados.
Figura 1- Folhas da planta da soja com sintomas típicos da mela.
Diante de baixa umidade, as lesões ficam restritas a manchas necróticas marrons. Nas hastes, nos pecíolos e nas vagens normalmente surgem manchas castanhas avermelhadas (figura 2). Nas vagens novas e flores pode ocorrer podridão total. As infecções podem ocorrer em qualquer estádio da cultura.
Figura 2- Sintomas típicos da mela na parte aérea da planta.
Controle
Diante de todos os fatores apresentados acima, o controle mais eficiente e econômico é a utilização de soluções integradas. As principais práticas de controle são:
- Utilizar o sistema de plantio direto, atentando-se para a formação de uma boa palhada;
- Eliminar plantas daninhas;
- Utilizar do espaçamento recomendado para a cultivar, permitindo aeração do plantio e evitando o acúmulo de umidade;
- Adotar o sistema de rotação de culturas, utilizando espécies de milho, sorgo e braquiárias;
- Utilizar sementes sadias e tratadas;
- Nutrição equilibrada das plantas (principalmente K, S, Zn, Cu e Mn).
Para o controle químico recomenda-se a aplicação de fungicida no estádio R3 (fase de canivetinho), e em casos mais severos da doença é recomendado uma segunda aplicação no estádio R5. 2 (maioria das vagens com granação de 10 a 25%). A seguir alguns princípios ativos de fungicidas que tem apresentado bons índices de controle:
- Piraclostrobina + epoxiconazol;
- Azoxystrobin;
- Metconazole;
- Pyraclostrobin + Epoxiconazole;
- Trifloxystrobin + Ciproconazole.