Gabriel Castillo
Universidade Federal de Lavras-3rlab
Sabe-se que no cerrado brasileiro, as condições de clima são extremamente favoráveis ao desenvolvimento de doenças que atacam a cultura do algodoeiro. Dessa maneira, algumas doenças que são pouco expressivas em demais regiões produtoras se destacam e tornam-se preocupantes no cerrado. Estas que podem ocasionar enormes perdas à produção, caso as medidas de controle não forem rápidas e eficientes.
Dentre essas doenças se encontra o tombamento de plântulas do algodoeiro, causada por é Rhizoctonia solani Kuhn. Esta é bastante comum e de ocorrência em todas as áreas produtoras de algodão do cerrado, entretanto tem se manifestado mais nas áreas de maiores índices pluviométricos, e podem causar prejuízos significativos ao estabelecimento da cultura, devido ao fato de reduzir o estande (figura 1) e em alguns casos sendo necessário a ressemeadura.
Figura 1- Redução no estande final causada pelo tombamento de plântulas.
Essa doença está disseminada por todo o país, e ocorre principalmente nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Bahia (regiões de cerrado). Além das condições climáticas, a monocultura do algodoeiro somada ao preparo intensivo do solo (o que facilita a dispersão do fungo) favorecem situações de alagamento e encharcamento favorecendo o aumento do potencial de inóculo do agente causador na área. Dessa maneira, a utilização de sementes com baixo vigor associada ao plantio em épocas que favorecem a ocorrência dessa doença.
Para reforçar a importância que a doença tem na cultura seguem alguns dados: Na Califórnia, no período de 1991 a 1993, foram perdidas 12.733 toneladas de algodão devido ao tombamento; nos EUA em 1995 as perdas causadas pelo tombamento chegaram à casa das 180 mil toneladas. Nos últimos anos, nos EUA, tem-se estimado perdas médias de 2,8% por ano.
Sintomas
O fungo ataca somente as sementes e plântula do algodoeiro, causando assim o tombamento de pré e pós emergência. O patógeno pode estar presente no solo ou ainda nas sementes, e além de causar perdas significativas na fase de plântulas, pode servir como fonte de inóculo para as culturas seguintes.
Os sintomas de tombamento podem ser vistos logo após a emergência das plântulas (figura 2), nas folhas cotiledonares e primárias. Estas apresentam lesões irregulares de coloração pardo-escura. As lesões também podem ser observadas no caule da plântula, na mesma face de inserção da folha e logo abaixo do coleto. Estas que ao acometer todo o caule ocasionam o tombamento e posterior morte da plântula.
Figura 2- Tombamento em plântulas do algodoeiro.
Dentre os patógenos causadores de tombamento podem ser citados os fungos dos gêneros Colletotrichum, Fusarium, Pythium e Rhizoctonia, sendo este último o mais importante.
Controle
Dentro do conjunto de práticas recomendadas para o controle do tombamento encontra-se o tratamento de sementes com fungicidas. Esta medida tem sido até então a medida mais eficiente e a opção mais econômica para minimizar os prejuízos causados pela doença.
Dessa maneira, essa prática se torna indispensável quando se reduz a quantidade de sementes na semeadura, visando eliminar operações de desbaste, sendo considerada mundialmente como uma das medidas mais eficazes e convenientes, tornando-se interessante para entrar no manejo integrado de doenças.
A cada safra, uma diversidade de fungicidas é testada com o objetivo de verificar sua eficiência no controle do tombamento. Alguns trabalhos evidenciam que a ação combinada de fungicidas sistêmicos com protetores tem sido uma estratégia bastante eficaz no controle do tombamento de plântulas causado por R.solani. Isso se deve ao fato do espectro de ação da mistura ser ampliado pela ação de dois ou mais produtos. Sendo assim, pode-se concluir que a utilização de misturas tem apresentado melhores índices de controle do tombamento, quando comparado ao uso isolado de um determinado fungicida.
Trabalhos realizados pela Embrapa mostram que as associações: tolylfluanid + pencycuron + triadimenol + PCNB, fludioxonil + mefenoxan + azoxystrobin + PCNB, fludioxonil + mefenoxan + azoxystrobin, tolylfluanid + pencycuron + triadimenol e carboxin + thiram + pencycuron; apresentaram resultados satisfatórios. Esses tratamentos protegeram as plântulas do algodoeiro, refletindo em pequena porcentagem de tombamento.