Gabriel Castillo
Universidade Federal de Lavras-3rlab
Um tema muito polêmico e que gera muitas divergências é o uso de transgênicos na agricultura. Entretanto, não é o objetivo apresentar opinião neste artigo. A transgenia nada mais é que modificar geneticamente uma espécie, geralmente em laboratórios, tendo como objetivo melhorar a qualidade de um determinado produto através da incorporação de uma ou mais características encontradas naturalmente em outras espécies. Naturalmente esse processo não ocorre, e através de técnicas foi possível introduzir genes de qualquer ser vivo no código genético de qualquer outro ser vivo.
Atualmente, a produção de transgênicos está difundida em praticamente todas as regiões agrícolas do mundo e a adoção desta biotecnologia pelos empresários rurais atinge níveis jamais alcançados por outras tecnologias avançadas, em toda a história da agricultura.
Dados comprovam que em 2009, culturas modificadas geneticamente foram plantadas por mais de 14 milhões de agricultores, em 134 milhões de hectares, distribuídos em 25 países. O Brasil assumiu o segundo lugar entre os países com maior área plantada de transgênicos do mundo (figura 1), cerca de 21,4 milhões de hectares, atrás apenas dos EUA com 62,5 milhões de hectares. O principal motivo é o sucesso dos benefícios obtidos com a produção de plantas transgênicas resistentes/tolerantes a patógenos e secas, a redução no uso de defensivos e aumento da produção.
Segundo a FAO (2010), a previsão de crescimento do setor agrícola brasileiro até o ano de 2019 é de 40%. Essa previsão de crescimento acentuado da produção brasileira ocorre graças: às condições econômicas e ambientais favoráveis do país e a adoção massificada de culturas geradas com o auxílio da biotecnologia.
Diante da busca por um agronegócio altamente produtivo, competitivo e rentável, a transgenia se torna importante para que as culturas sejam cada vez mais produtivas e lucrativas, uma vez que reduzem os custos com outros insumos e a inserção de características antes ausentes na planta podendo agregar valor aos seus produtos e aumentando o lucro do produtor. Entretanto, a aquisição de cultivares transgênicos por pequenos e médios produtores ainda pode ser dificultado pelo alto preço de custo no mercado e necessidade de tecnologia para que se possa empregar esta e conduzi-la bem para que apresente resultados satisfatórios. Dessa maneira a transformação genética pode ser considerada uma aliada na transformação do cenário da agropecuária mundial.
Figura 1- Mapa mostrando os maiores produtores de transgênicos do mundo.
A produção de transgênicos no mundo
Atualmente, existem cerca de 14 milhões de produtores em mais de 25 países que cultivam comercialmente lavouras geneticamente modificadas, sendo a maioria de países em desenvolvimento. Dentre as principais variedades transgênicas cultivadas estão os resistentes a insetos (Bt) e tolerantes a herbicida glifosato, estes representam mais de 99% da área cultivada.
As empresas multinacionais, principalmente Monsanto, Syngenta, Dupont e Bayer investem anualmente cerca de US$ 1 bilhão em pesquisas, gerando parcerias entre si e com universidades e institutos de diversos países. Em 2009, o valor do mercado global de cultivos transgênicos foi estimado em US$ 4,25 bilhões. Este valor é calculado de acordo com o valor de venda de sementes com OGMs (organismos geneticamente modificados) acrescidos as taxas da cobrança de royalties pela tecnologia aplicada.
Vantagens no uso de transgênicos
As principais vantagens para a utilização de sementes transgênicas, segundo a ONU estão relacionadas ao aumento da produtividade. Com a utilização de cultivares resistente a patógenos reduz-se os custos e a utilização de defensivos, gerando benefícios tanto nos custos de produção quanto na preservação do meio ambiente. Além disso, existe cultivares que podem ser colhidos mais rapidamente e com menor perda, possibilitando mais de uma safra dentro de um mesmo ano agrícola, tornando maior a exploração da área aumentando assim os lucros do produtor e tirando-o da condição passiva em relação às cotações de mercado no momento da comercialização.
Diante disso, por meio da tabela a seguir (tabela 1) é possível verificar a diferença nos custos de produção por hectare quando comparado o cultivado soja convencional e da soja transgênica (representada por três cultivares diferentes).
Tabela 1 – Comparativo dos custos de produção em R$/ha no cultivo de soja convencional e soja transgênica.
Essa biotecnologia possibilita ainda a geração de alimentos mais enriquecidos, seja aumentando as quantidades de vitaminas contidas nestes. Além disso, possibilita o consumo de alimentos livres de contaminações de agrotóxicos geradas por uso indiscriminado.
O uso de transgênicos na agricultura possibilita inúmeras vantagens, entretanto as mais interessantes ao produtor são as listadas acima. Em adição, diante da existência de diversos cultivares transgênicos, cada qual com suas características, se torna importante a presença de um profissional para a escolha do melhor cultivar a ser implantado em sua lavoura. Sendo assim, fica evidente que estes proporcionam um aumento significativo na produtividade agrícola por meio do desenvolvimento de lavouras mais produtivas e que possibilitam manejos que agridam menos o meio ambiente.