Giane Lima Nepomuceno
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
O manejo de matrizes e leitões durante a maternidade é extremamente importante para o sucesso da produção suinícola. O desempenho dos leitões na maternidade está diretamente relacionado com a qualidade destes nas fases de creche, recria e terminação. Em relação às matrizes, o manejo adequado nessa fase leva a melhores condições fisiológicas nas gestações subsequentes. Quando o bem estar é comprometido, pode resultar em retardo ou diminuição do ganho de peso, atraso no inicio da reprodução, podendo até levar os animais à morte. Além disso, as pessoas passaram a desejar comer carne oriunda de animais que sejam criados, tratados e abatidos em sistemas que promovam bem estar, definida como “qualidade ética” e que o sistema de produção seja sustentável sob condições ambientalmente correto. Dessa forma, vários cuidados com os animais nessa fase têm se alterado com o intuito de proporcionar um melhor bem estar e manejos realizados corriqueiramente.
Manejo das matrizes
A transferência das porcas para maternidade devem ser realizada de 3 à 7 dias antes da data provável do parto . O ideal para transferência é que seja realizada nas horas mais frescas do dia sendo conduzidas calmamente. É indispensável que antes de serem introduzidas nas baias parideiras, as porcas devem ser lavadas com escova, sabão e água, para eliminar a sujeira e as larvas de parasitos que possam estar aderidos à pele. A lavagem deve ser em uma baia parideira especialmente preparada, localizada o mais perto possível de sua baia parideira, de modo que possa ser conduzida diretamente a ela, evitando, dessa forma, que se suje novamente. A lavagem deve ser feita da frente para traz e de cima para baixo, dando especial atenção à área ao redor da vulva, região do aparelho mamário e dos cascos.
Manejo de leitões
No dia do parto, a porca deverá receber apenas água fresca e de boa qualidade. Assistir ao parto para realizar práticas rotineiras, como: amarração, corte e desinfecção do cordão umbilical e, principalmente, a orientação nas primeiras mamadas; com isso, os leitões vão ingerir o máximo de colostro possível para protegê-los das infeções; essas medidas ajudam na prevenção das diarreias e mortes de leitões. Os cuidados com os leitões visando o bem estar, ocorrem antes do nascimento, com a desinfecção das baias e limpeza por completo. O tratador deve estar sempre acompanhando para qualquer problema que venha a ocorrer no momento do parto.
Imediatamente após a expulsão do leitão, este deve ser limpo e seco (figura 1), pois ele nasce envolto em membranas fetais, que devem ser removidas principalmente das narinas para que não obstrua a respiração. Algumas massagens no dorso e na região torácica são aconselhadas para ativar a circulação e a respiração. Os principais cuidados que devem ser tomados nos primeiros dias de vida incluem a secagem do leitão, corte e desinfecção do umbigo com tintura de iodo a 5%, (figura 2), primeira mamada, fornecimento de calor suplementar no creep, corte dos dentes e da cauda, identificação da leitegada e a medicação preventiva contra anemia ferropriva. Em relação ao bem-estar dos leitões na maternidade, os manejos mais impactantes e discutíveis são o corte de dente e corte da cauda. Estes manejos geram inúmeras discussões quanto ao bem estar e com isso, algumas alternativas vêm sendo pesquisadas para a não realização dos mesmos.
Figura 1 – Limpeza e secagem após o parto.
Figura 2 – Corte do umbigo.
Manejo de dentes, corte da cauda e castração.
O objetivo do corte ou do desgaste dos dentes é diminuir as feridas nas tetas das porcas e nos outros leitões provocadas por eles na hora da amamentação. O manejo do corte dos dentes é efetuado com alicate de aço inoxidável adequado para este fim, no terceiro dia de vida. Já o desgaste é feito com uma maquina elétrica que possui uma pedra porosa rotativa e um aparato de proteção para que apenas os dentes sejam desgastados, protegendo gengiva, língua e comissuras labiais.
O corte da cauda é feito na primeira semana de vida e tem como objetivo prevenir o canibalismo. Este corte, na maioria das vezes, é realizado no último terço da cauda com a utilização de um alicate ou de um cortador com cauterização. Portanto, o corte da cauda deve ser realizado como último recurso após o uso de estratégia nutricional e melhorias ambientais.
A castração dos machos (figura 3), é realizada exclusivamente pelo fato de suínos inteiros liberarem um odor característico na carne, devido à presença de altos níveis de androstenona e de escatol. Outra desvantagem na produção de suínos inteiros é que eles têm uma maior predileção a brigas, levando a danos na carcaça e o desenvolvimento de carne DFD (dura, seca e escura). As brigas acarretam em hematomas na carcaça e, consequentemente, prejuízos financeiros. A cirurgia em si é feita em leitões de maternidade com idade aproximada de sete dias de vida.
Figura 3 – Castração dos machos.
Com as exigências de bem-estar animal, deve-se adequar o sistema de produção para atender as necessidades, na maternidade, onde o sucesso de produção nessa fase interfere nas fases subsequentes.