Gabriella Lima Andrade de Sousa
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) é uma das principais pragas da cultura do milho no Brasil, ocorrendo em todas as regiões produtoras, tanto nos cultivos de verão, como nos de segunda safra (safrinha). São larvas de mariposas encontradas, normalmente, dentro do cartucho das plantas durante o dia e com atividade intensa de migração durante a noite. O inseto está sempre presente a cada ano de cultivo, atacando a planta desde sua emergência até a formação de espigas.
As mariposas fêmeas possuem coloração geralmente acinzentada (figura 1), com cerca de 25 milímetros de envergadura e depositam seus ovos em massas nas folhas, cerca de 150 ovos por postura (figura 2). Em temperaturas ao redor de 25°C, ocorre a eclosão das lagartas em três dias. As lagartas de primeiro ínstar geralmente permanecem juntas nas primeiras horas de vida, alimentando-se inicialmente pela casca dos próprios ovos. Em seguida, raspam o limbo foliar da planta hospedeira, propiciando um sintoma típico do dano da praga, mas sem perfurar a folha (figura 3). As larvas maiores, especialmente a partir do segundo ínstar, começam a migrar para outras plantas. Elas tecem uma teia e pela ação do vento são levadas para áreas ou plantas adjacentes. Posteriormente, dirigem-se para a região do cartucho, onde se alimentam das partes mais tenras.
Figura 1: Mariposa Spodoptera frugiperda
Figura 2: Ovos de Spodoptera frugiperda depositados no limbo foliar
Figura 3: Raspagem do limbo foliar da planta hospedeira pela larva-do-cartucho
Poucas larvas de uma mesma idade são encontradas nas plantas em função da alta taxa de canibalismo existente. Todo o período larval é verificado dentro do cartucho. No fim do seu desenvolvimento, o inseto sai do cartucho e dirige-se para o solo, onde se transforma na fase de pupa. O período larval e de pupa duram, respectivamente, cerca de 25 e 11 dias.
O ataque da lagarta-do-cartucho nas espigas de milho vem aumentando substancialmente, ocorrendo também uma outra importante praga, conhecida como lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea). As duas espécies podem conviver, alimentando-se no mesmo local. A separação das duas é simples, através da coloração da cabeça, marrom clara na lagarta-da-espiga e marrom intenso na lagarta-do-cartucho (figura 4).
Figura 4: Características da Lagarta-da-espiga (A) e da Lagarta-do-cartucho (B)
Uma grande preocupação para os produtores é o desenvolvimento de resistência da praga a inseticidas. Aumenta o número de aplicações sem melhorar o controle. Alternativas como o controle biológico, portanto, começam a ser procuradas. Na cultura do milho existe um inimigo natural eficiente da lagarta-do-cartucho que é bem conhecido pelos pesquisadores. É a conhecida “tesourinha” (Doru luteipes) (figura 5), inseto predador eficiente tanto de ovos como de larvas pequenas. O inseto deposita seus ovos no cartucho da planta e, quando jovens, juntamente com os adultos, fazem o controle biológico da praga.
Figura 5: Doru luteipes predando ovos de Spodoptera frugiperda
À medida que a planta se desenvolve, o controle da lagarta-do-cartucho se reduz pela falta de equipamentos adequados, para a grande maioria dos sistemas de produção de milho. Sem uso de medidas convencionais, é importante a contribuição dos inimigos naturais, cuja população vai ser maior ou menor em função até do tipo de inseticida utilizado. Portanto, é fundamental que o produto utilizado tenha características apropriadas para programas de manejo integrado. Atualmente, já existe um amplo conhecimento sobre o desempenho dos principais inseticidas tanto sobre a praga, como sobre seus principais inimigos naturais.
Diante o artigo apresentado, nota-se que a larva-do-cartucho causa várias implicações para a cultura do milho. Para solucionar ou reduzir este problema, o agricultor deve procurar ajuda de um técnico especializado para decidir por um ou outro produto químico. O uso e/ou a preservação dos inimigos naturais pode ser o grande trunfo ao produtor para enfrentar as pragas de sua lavoura.