Gabriella Lima Andrade de Sousa
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
O sorgo (Sorghum bicolor) é uma planta que tem origem na África e em parte da Ásia. No Brasil, sua expansão se iniciou na década de 70, principalmente no Rio Grande do Sul, em São Paulo, na Bahia e no Paraná. No estado de Minas Gerais a cultura está crescendo acentuadamente nos últimos anos, especialmente nas regiões do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste Mineiro, sendo utilizado com uma alternativa de plantio de safrinha ou segunda safra.
Um dos aspectos do cultivo do sorgo que o produtor deve-se atentar é para a ocorrência de pragas. Várias espécies de insetos podem estar associadas à cultura desde o plantio até a colheita, podendo causar dano econômico. Fatores como vigor da plana, suscetibilidade da cultivar, estádio de desenvolvimento, umidade do solo, período do ano e abundância de predadores e parasitoides são importantes para facilitar o manejo.
A larva arame (Conoderus scalaris) é uma praga de grande ocorrência nas lavouras de sorgo e também ataca as culturas de arroz, batata, fumo, milho e trigo. A larva é alongada e com corpo rígido, medindo entre 18 e 22 milímetros quando completamente desenvolvida, possuindo uma coloração marrom clara (figura 1). O seu período larval varia de 2 a 5 anos e, logo após, transforma-se numa pupa tenra e de coloração branca, permanecendo nesse estádio por um período curto de tempo. O adulto é um besouro com cerca de 6 a 19 milímetros de comprimento e possui uma coloração avermelhada (figura 2).
Figura 1: Características das larvas arame
Figura 2: Caraterísticas do inseto adulto
As larvas possuem hábitos subterrâneos e os prejuízos causados ao sorgo são devido à destruição das sementes, da base do colmo (figura 3) e ao ataque as raízes e tubérculos das plantas (figura 4). As plantas atacadas ficam amareladas, podendo morrer devido ao dano que estes insetos causam ao sistema radicular. Falhas na lavoura e plantas raquíticas, devido a maior sensibilidade aos estresses causada pela praga, são facilmente observadas. O estabelecimento da população ideal e o vigor das plantas são reduzidos, causando perdas significativas na produção.
Figura 3: Ataque de larva arame à base do colmo
Figura 4: Ataque de larva arame ao sistema radicular
O controle dessa praga, em virtude do hábito subterrâneo das larvas, pode ser feito através por meios preventivos, como o tratamento das sementes com inseticidas e a aplicação de inseticidas granulados fosforados sistêmicos, registrados para a cultura, no sulco de plantio. Métodos culturais, como rotação de culturas, são eficientes para diminuir a população de larvas no solo.
A umidade do solo é um fator importante no manejo dessa praga. Em sistemas irrigados, a suspensão da irrigação e a consequente drenagem da camada agricultável do solo, força a larva aprofundar-se, reduzindo o dano no sistema radicular.
Por todo o exposto, fica claro que a larva arame é um grande problema enfrentado pelos produtores de sorgo, pois, ao atacar as raízes das plantas, interfere na absorção de água e nutrientes, reduzindo a produtividade. É importante ressaltar que é necessário conhecer os hábitos de cada praga para que possa realizar o manejo e o controle adequados, evitando danos maiores para a lavoura.