Gabriella Lima Andrade de Sousa
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A ocorrência de doenças na cultura da soja (Glycine max) é um dos principais fatores que limitam a obtenção de altos rendimentos. No Brasil, aproximadamente 40 doenças foram identificadas, causadas por fungos, bactérias, nematoides e vírus. A importância econômica de cada doença varia em relação ao ano e a região, dependendo das condições climáticas de cada safra. As perdas anuais de produção por doenças, geralmente, são estimadas em torno de 15 a 20%, porém, algumas doenças podem ocasionar quase 100% de perda.
A antracnose é uma doença causada pelo fungo Colletotrichum dematium, considerada a principal doença que afeta a fase inicial de formação das vagens e é um dos grandes problemas enfrentados no cerrado. Em condições de alta umidade pode ocorrer a perda total da produção. Com maior frequência, causa alta redução do número de vagens e induz a planta à retenção foliar e haste verde.
A maior intensidade da doença se deve à elevada precipitação, às altas temperaturas, além do uso de sementes infectadas e deficiências nutricionais (principalmente de potássio). Recentemente, em sementes de soja, tem sido observado um aumento considerável na ocorrência de antracnose. Sementes provindas de lavouras que sofreram atraso de colheita, devido a chuvas, apresentaram cerca de 50% de infecção.
Sintomas
Os principais sintomas são necrose dos pecíolos e manchas castanha-escuras nas folhas, hastes e vagens (figura 1). O fungo pode ser originado de semente infectada ou de inóculo produzido em restos culturais da safra anterior, causando o apodrecimento, queda e abertura das vagens ou deterioração das sementes em colheita retardada.
Figura 1: Sintoma de Colletotrichum dematium em vagens de soja
O ataque no estádio de plântula (figura 2) pode levar ao tombamento, já no ataque antes da floração e do enchimento de grãos, a infecção provoca a perda de folhas e o abortamento das vagens. Já nas folhas, vagens e hastes os sintomas apresentam-se inicialmente como manchas aquosas e, posteriormente, de coloração negra. Lesões produzidas no caule e nos pecíolos são alongadas, escuras e às vezes deprimidas.
Figura 2: Sintomas de Colletotrichum dematium em plântulas de soja
Manejo e controle:
A primeira medida para o controle da doença é o uso de sementes limpas e livres do patógeno, produzidas em áreas livres da doença. O tratamento de sementes com fungicidas é uma prática que visa reduzir os riscos de introdução e disseminação do patógeno no campo por sementes infectadas ou contaminadas superficialmente, melhorando seu desempenho e originando plantas mais vigorosas.
Nos campos contaminados, deve-se realizar a rotação de culturas por no mínimo um ano, para evitar a ocorrência da doença no plantio seguinte e a perpetuação do fungo na área. Outras medidas importantes são a utilização de cultivares resistentes e a adubação com adequados teores de potássio.
A aplicação de fungicidas na cultura da soja é uma decisão que deve levar em consideração o nível tecnológico adotado e a finalidade do campo, o potencial de produção da lavoura, o retorno econômico, as condições da lavoura no momento da aplicação bem como a ocorrência de condições climáticas favoráveis à doença.
De forma geral, nenhuma prática isolada é eficaz no controle da maioria das doenças. Porém, existem diversas opções que, quando associadas, podem ajudar a reduzir a severidade, facilitando o manejo das doenças. Com isso, conclui-se que a adequação de práticas culturais como a rotação das culturas, nutrição de plantas e da população de plantas são bons exemplos para o manejo dessa doença.