Giane Lima Nepomuceno
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A inseminação artificial (figura 1) é uma biotécnica aplicada à reprodução animal. Consiste na introdução de uma pipeta com o sêmen do macho no local mais apropriado do sistema genital da fêmea (figura 2), possibilitando sucesso na fertilização. Devem ser considerados o estado nutricional dos animais, manejo sanitário e qualidade do sêmen, sendo de extrema importância a avaliação do sêmen.
Figura 1 – Inseminação artificial
Figura 2 – Introdução do sêmen por meio de uma pipeta
Vantagens da Inseminação Artificial (IA):
- a IA permite a utilização de sêmen de animais geneticamente superiores podendo inseminar maior número de fêmeas quando comparado com a monta natural;
- permite a entrada de reprodutores de alto valor zootécnico e com isso agregando valor genético ao plantel suinícola;
- permite maior aplicação (uso intensivo) de bons reprodutores;
- melhor sanidade, facilitando o controle de doenças que podem vir a interferir na eficiência reprodutiva do rebanho, diminuindo assim, o risco de transmissão das mesmas;
- maior controle da eficiência reprodutiva do rebanho, como por exemplo, permite o planejamento do plantel com programação dos nascimentos das leitegadas e inclusive um monitoramento individual das matrizes;
- necessita de materiais simples para o seu emprego, viabilizando seu custo. Dispensa os gastos utilizados na compra e manutenção de reprodutores, ou seja, ao se reduzir o número de reprodutores para atender o plantel diminuem-se os gastos com a alimentação possibilitando um investimento maior em animais de maior qualidade (em termos de desempenho);
- homogeneidade dos lotes de animais pela padronização das características de produção e de carcaça;
- controle da qualidade espermática dos ejaculados;
- diminuição do tempo e esforços por evitar a monta e deslocamento dos reprodutores;
- permite o uso de machos pesados para inseminar marrãs, que não seria possível em monta natural;
- os dados de fertilidade e prolificidade com o uso da IA são iguais ou superiores aos da monta natural;
- viabilização do manejo do desmame em lotes, pois a IA possibilita a cobertura de um grande número de porcas que entram em cio ao mesmo tempo, viabilizando o desmame em lotes.
- outras vantagens: excelente qualidade de carcaça, menor espessura de toucinho, melhor conversão alimentar, maior ganho de peso, melhor taxa de crescimento, entre outros.
O cio é caracterizado por uma série de transformações comportamentais e hormonais em marrãs e porcas, fazendo que a mesma aceite o macho.
Comportamento no pré-cio:
- fêmea agitada;
- tentativas de monta;
- corrimento vulvar aquoso;
- ato de morder as barras da gaiola;
- emissão de grunhidos;
- vulva inchada e avermelhada;
Comportamento durante o cio:
- orelhas eretas;
- urina com frequência;
- perda do apetite;
- olhar brilhante;
- excitação e emissão de grunhidos;
- monta e deixa ser montada por outras fêmeas;
- procura o cachaço ao sentir seu cheiro por perto;
- lombo arqueado;
- cauda levantada e balançando;
- descarga vulvar de muco claro (corrimento vaginal);
- na presença do cachaço fica imóvel;
- quando pressionada na região do dorso-lombar fica imóvel;
- ao ser cavalgada pelo homem fica imóvel.
Quando as fêmeas começam a apresentar os sinais descritos se denomina reflexo de tolerância positivo, ou seja, aceita a monta (figura 3). Com manejo nutricional e sanitário realizado adequadamente, o cio ocorre com intervalos de 21 dias, com duração de dois a três dias, sendo que a ovulação ocorre entre 20 a 36 horas em média, após o aparecimento dos primeiros sinais do cio.
Figura 3- Momento ideal para inseminação artificial
Alguns protocolos de inseminação artificial:
Protocolo de duas inseminações:
1ª inseminação: imediatamente após a detecção do cio;
2ª inseminação: 12 horas após a primeira inseminação;
Protocolo para detecção de cio diária dupla:
1ª inseminação: 12 horas após os primeiros sinais do cio;
2ª inseminação: 12 horas após a primeira inseminação;
3ª inseminação: 12 horas mais tarde (se a fêmea ainda aceitar).
Protocolo para detecção de cio diária única:
1ª inseminação: imediatamente após a detecção do cio;
2ª inseminação: 12 horas após a primeira inseminação;
3ª inseminação: 12 horas mais tarde (se a fêmea ainda aceitar).
Se a fêmea apresentar intervalo desmama-cio em até quatro dias após o desmame:
1ª inseminação: 12 a 24 horas após os primeiros sinais do cio;
2ª inseminação: 30 a 36 horas após o início do cio;
3ª inseminação: 42 a 48 horas após o início do cio (se a fêmea ainda aceitar e se o esquema de inseminação da propriedade envolver a terceira dose).
Se a fêmea apresentar intervalo desmama-cio de cinco a seis dias após o desmame:
1ª inseminação: 12 a 18 horas após os primeiros sinais do cio;
2ª inseminação: 24 a 30 horas após o início do cio;
3ª inseminação: 36 a 42 horas após o início do cio (se a fêmea ainda aceitar).
Se a fêmea apresentar intervalo desmama-cio longo (geralmente as primíparas):
1ª inseminação: 0 a 6 horas após os primeiros sinais do cio;
2ª inseminação: 12 a 18 horas após o início do cio;
3ª inseminação: Não é aconselhável a terceira dose nessas fêmeas.
Para marrãs, é recomendado:
1ª inseminação: No máximo 12 horas após os primeiros sinais do cio;
2ª inseminação: 24 horas após o início do cio;
3ª inseminação: 36 horas após o início do cio.
Com a finalidade de obter sucesso reprodutivo, o plantel deve ter mão de obra qualificada e estar em boas condições sanitárias e nutricional, sendo assim obterá excelente taxas de fertilidade em todo rebanho.