Pedro Felipe Martins da Silva UFLA-3rlab
Diante da grande demanda por alimentos mais saudáveis e de origem mais segura por parte da população, os alimentos de origem orgânica vêm sendo demandados em grandes quantidades. Apesar da produção desse determinado tipo de alimento ser pequena, quando comparado aos produtos produzidos no sistema convencional, no Brasil registra-se aumentos consecutivos em números de produtores que se “convertem” para o sistema orgânico.
A produção orgânica de alimentos proporciona inúmeras vantagens tanto para o produtor quanto ao consumidor final. Diante de diversas vantagens, podemos citar: risco zero de intoxicação com agroquímicos pelo produtor rural, disponibilidade de produtos sem resíduos de agroquímicos para o consumidor, maior equilíbrio ambiental na propriedade, menor custo de produção e maior agregação de valor ao produto final.
Objetiva-se com esse artigo “desmistificar” que é impossível produzir certos produtos no sistema orgânico com qualidade. Ao decorrer do artigo serão abordados alguns princípios essências para se produzir o tomate orgânico. Como o tema é muito complexo, o estudo será dividido em 3 partes para que a leitura não se torne cansativa, combinado?
Cultivo protegido, localização e posicionamento de estufas
Quando se pensa em produção de tomates orgânicos, devemos levar em consideração que o tomateiro é uma planta muito sensível ao ataque de pragas e doenças, que ocorrem em campo. Objetiva-se com a construção de estufas controlar o ambiente em que a cultura será implantada, desfavorecendo a ocorrência de certas pragas e patógenos. Embora existam algumas desvantagens na construção de estufas como, por exemplo: alto custo inicial e aumento do risco de salinização do solo. Entretanto a técnica de cultivo protegido proporciona retorno econômico alto devido a maior produtividade e maior qualidade do produto final.
Como foi citado no parágrafo acima o ataque de patógenos e pragas são os fatores de maior limitação na produção, no caso de cultivo protegido em estufas observa-se baixa ocorrência no ataque da broca pequena do tomateiro (Neoleucinodes elegantalis) e da requeima (Phytophthora infestans). Acredita-se que a maior incidência tanto do ataque da broca pequena quanto da requeima é pelo fato do ambiente protegido não proporcionar o ambiente ideal para que ocorra os ataques.
Para o investimento ter capacidade de gerar retorno rápido é necessário que no momento de implantação das estufas, os responsáveis elenquem as áreas que possam abrigar tais estufas. O local escolhido deverá: ser de fácil acesso tanto para pessoas quanto para automóveis, próximo de fontes de água (facilitar a irrigação), ser livre de encharcamentos (diminuir a potencialidade da ocorrência de doenças) e receber sol durante todo o decorrer do dia, principalmente nas primeiras horas da manhã.
A localização das estufas deve ser planejada considerando-se a direção dos ventos dominantes. É recomendado que as estruturas sejam instaladas no sentindo do vento dominante para melhor ventilação no interior da estufa e também para evitar danos a estrutura em decorrência da eólica.
Aumento do equilíbrio biológico e salinização do solo
O sistema de produção orgânica prioriza o equilíbrio no ambiente no qual a planta está situada, diante desse princípio são realizadas rondas rotineira no plantio com o objetivo de detectar o ataque inicial de pragas e doenças. As práticas mais comuns no sentido de prevenir o ataque de pragas e patógenos são: catação, uso de cultivares resistentes, uso de mudas enxertadas de tomateiro, aumento de espaçamento entre as linhas de plantio e uso de iscas chamativas (figura 1).
Figura 1- Armadilha atrativa para o controle de mosca branca em estufas.
Os esforços pela construção da fertilidade devem ser planejados exclusivamente nas análises de solo. Tendo em vista que em sistemas de cultivo protegido pode ocorrer grandes problemas com a salinização, quando mal manejados. As adubações e correções devem ser feitas com critério, ignorando as famosas “receitas de bolo”. A adubação com compostos orgânicos e as irrigações eficientes tendem a diminuir o aparecimento de salinização do solo.
No próximo artigo iremos aprofundar no preparo do solo, correções e adubações, condução de plantas e tratos culturais. Obrigado.